domingo, 17 de julho de 2011

Bolo do Luar...anos 30 ...os ingleses....

Entre os livros de receitas que herdei da minha avó Lola, tem um que considero uma preciosidade.
Um livrinho do fermento Royal, publicado em 1938.
É um apanhado de receitas doces e salgadas , e muitos conselhos culinários que valem até hoje.
Penso na correspondência intensa trocada por mulheres , do Brasil todo,para que o livro fosse realizado.Devia ser como uma rede social ( tipo facebook) intermediada pelo correio.
A maior parte das receitas tem créditos das suas autoras, eram mulheres que trabalhavam em escolas, institutos femininos,na Light.
Gosto muito da estética desse período, a Art-deco,o estilo das roupasFred Astaire e Ginger Rogers,os filmes de Ernst Lubitsch,Acho que existia uma modernidade e elegância inocentes que foram quebradas pela II Guerra.
A influência inglesa é bastante perceptível naquele período.Bem ,como não ter essa influência se o sol ainda não se punha no Império Britânico.
As receitas inglesas tiveram seus nomes traduzidos .
Cupcake é bolo de xícara, muffins são "fofinhos",cookies são "cuques".Tudo isso é bem atual, é só fazer um giro pelas doceiras da cidade.
Ler um livro original desse período é uma experiência rica e bem divertida,o português parece uma outra língua, a ortografia nos parece absurda.
CHÍCARA
ASSUCAR.
FRUCTAS
CANELLA.
Apesar de estar comigo há muitos anos, só hoje tiver a curiosidade de fazer uma das receitas.O que me chamou a atenção foi o nome muito romântico BOLO DO LUAR.
A receita é ótima, funciona e é muito fácil.
O bolo ficou muito fofo e delicioso.Não arrisquei a fazer a cobertura sugerida.

BOLO DO LUAR


1 xícara de manteiga (150g)
2 xícaras de açucar ( 225g)
3 ovos
1 xícara de leite( 250 ml)
2 colheres de chá rasas de fermento em pó
1 pitada de sal
essência de limão ( usei raspas de 1 limão)

Bata a manteiga ,o açucar,as gemas até ficar um creme bem claro .(é fundamental bater bem esses ingredientes, para o bolo não ficar pesado ).
Junte os ingredientes secos alternando com o leite, bata bem.
Junte a essência ou as raspas.Levar ao forno a 180 graus , por +- 40 min, em forma untada e enfarinhada.

A cobertura sugerida pelo livro é "Glacé de Limão".

Casca ralada de 1 limão.
3 colheres de sopa de suco de limão
2 gemas
900 g de açúcar.

Mexa a casca e o suco de limão com as gemas.Junte o açúcar lentamente.Bata até tomar ponto de suspiro.

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Acabei de me dar conta que minha avó tinha um monte de livros de receita mas nunca a vi cozinhando.
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terça-feira, 5 de julho de 2011

Jacaré de Coco...

Voltar às origens é sempre coisa 'interessante', para dizer o mínimo.
Quando as razões que nos levam a essa volta é um problema de saúde grave , em pessoa próxima e querida, as emoções podem se fundir em saudade, tristeza e também uma profunda alegria, se encontramos algumas coisas que nos levam a tempos melhores.
Outro dia , vi um programa muito bacana,em um canal de TV a cabo, uma ex-modelo muito loura,muito linda e muito inglesa ensinava receitas que a faziam se sentir em casa quando batia a saudade,o nome do episódio era Nostalgia.Se inglês fosse uma língua mais emotiva, teria uma boa tradução para Saudade.
Nessa minha viagem imposta pela necessidade, compreendi a bela modelo inglesa e suas nostálgicas receitas.
Nasci no interior de São Paulo, em uma cidade tão perto da divisa com Minas que, quem tropeça aqui caí lá.
A  cozinha dessa região se confunde com a mineira, então não sei bem se algumas quitandas (biscoitos , bolos , rosquinhas na língua local) são paulistas ou não .Não faz diferença nenhuma, são deliciosas como eram há muitos anos, quando era uma menininha.
Depois de anos, precisei voltar para acompanhar meu pai, que foi operado e precisava da minha companhia.
A cidade mudou muito na sua arquitetura e na modernização das ruas,das casas (Infelizmente ,pq muitas casas lindas ,creio que até com valor arquitetônico histórico, deram lugar a algumas monstruosidades modernosas e não consigo entender porque uma cidade , onde a ausência de moradias não chega a ser um problema grave, precisa de tantos prédios residenciais que cobrem o céu e o horizonte).Felizmente, não mudou quase nada na sua essência.A vida corre muito lenta, com calma e silêncio, isso se reflete no forma de falar ….mansa...no sorriso fácil,na gentileza,na cortesia , no olhar sem malícia e sem medo.Parece que viver aqui não é caso de sobrevivência a todo custo.
Ainda bem que aqui o tempo parou nas cozinhas, assim pude encontrar um monte de coisas boas nas padarias que continuam as mesmas da minha infãncia.
É um conforto olhar um balcão onde não estão macarrons ( suspiros metidos a besta, que fazem sentido na França e que são vendidos a peso de ouro em SP) tortas holandesas e croissants falsificados, e outras coisas que devem fazer parte do mundo sofisticado de cidade grande.
Nossa...estou parecendo uma velhota amarga e ressentida!!!!
Não é isso não , gosto de tudo que mencionei, só não gosto do valor que essas coisas adquiriram, como um dos símbolos do ser ' cosmopolita' que ,às vezes ou quase sempre , impera em SP.
Bem , tudo isso pra dizer que hoje encontrei uma das iguarias da minha tão distante infãncia.
JACARÉ DE COCO.
Um pãozinho doce ,muito fofinho , compridinho ,recheado com um creme de côco, não muito doce.Uns cortes diagonais na superfície do pão fazem com ele se pareça com um jacarézinho.
Quando eu era pequena,costumava ficar na casa da minha avó .Sempre que ela se lembrava ,me dava um dinheirinho para ir comprar o tal jacaré na padaria Pão Nosso, eu ia correndo porque sabia que acabava logo.Por alguma razão,injusta aos meus olhos, o tal doce não era feito todo dia, tinha hora certa para sair do forno e era feito em pequenas quantidades.
Essa injustiça impera até hoje.
Tinha sabor de vitória quando eu chegava lá e encontrava o 'jacaré ' me esperando.
Não mexeram na decoração da padaria desde que eu era pequena,as paredes ainda possuem lambris de madeira escura,um clássico dos 60's.
O gosto do pãozinho é o mesmo.
Fizeram umas mudanças legais:

1- é vendido em porções menores,pequenininhos para a gente poder repetir sem dó.
2- deixaram de colocar um corante amarelo no creme de coco.Não tenho bem certeza ,mas acho que esse corante era moda .

Nunca encontrei em nenhuma padaria de cidade grande, nem aqui nem na Europa ,massas tão leves como as que são feitas nessa região de SP e em Minas Gerais.

Fui uma criança que, além de comer jacarés, adorava ler enciclopédias, então hoje é normal que seja sou viciada no google ,onde acabei achando um site legal que fala da história da panificação na cidade de Cajazeiras ,PE.Ali o meu pãozinho é mencionado.


Ah, o programa da tal inglesa se chama “The Delicious Miss Dahl”

Se um dia passar por Franca ,não deixe de conhecer:

Panificadora Pão Nosso Rua Padre Anchieta, 2163 


segunda-feira, 13 de junho de 2011

O Liquidificador e a saudade.

Fui mexer em alguns guardados,saudade da segurança de casa de avó.
Achei umas preciosidades .Livros de receita bastante antigos e curiosos.
Fiquei pensando na evolução tecnológica, social , cultural,ortográfica,do marketing,do design gráfico ..sei lá mais o quê.
Houve um tempo em que o liquidificador foi uma grande inovação tecnológica.Difícil imaginar uma época onde não existiam liquidificadores, mas isso aconteceu.
Fiz uma pesquisa rápida no Dr Google e descobri que tem muita gente que se interessa pela história desses aparelhos.
Um dos livros que encontrei é um brinde publicitário de um dos primeiros liquidificadores fabricados no Brasil.Era distribuído nas lojas.
Tem orientações sobre a sua utilidade , como usá-lo e receitas muito singelas, se comparadas com as de hoje.Hoje comida faz parte da moda , como sapatos e roupas, tem 'tendências'; se a gente não ficar muito atenta pode cometer uma gafe pedindo algo fora- de-moda em um restaurante da moda.
O tal livrinho tem  título longo  RECEITUÁRIO DO LIQUIDIFICADOR WALITA,acredito que seja do final dos anos 40 ,talvez começo dos 50.
Uma coisa interessante é ver que o leite condensado se fazia  presente já naquela época.
Maionese era MAYONAISE e , com certeza, desandava do mesmo jeito que agora.
Alguém ainda faz maionese em casa?

Uma das coisa mais gostosas da minha infância era a mayonaise de gemas cruas e cozidas, batidas com azeite de oliva, que minha tia Gê fazia.

Xícara está com "CH", alguém sabe me dizer se em algum tempo era escrito assim?
Gostaria que minha avó ainda estivesse aqui para me explicar.




Esse era um dos primeiros MIXERS

Para saber mais sobre a história dos liquidificadores

http://www.memoriawalita.cjb.net/

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Arroz...Risotto

Uma refeição italiana clássica segue  essa sequência:

antipasto ( frios,saladas de frutos do mar, frutos do mar,ovos,beringelas etc)
primo ( sopas,risotos,pasta)
secondo ( carnes,peixes,crustáceos,aves com seus acompanhamentos que se chamam contorni : verduras,batatas, algumas receitas com arroz,pão)
insalata
formaggi
dolci
gelati
frutta

Não é todo dia que os italianos comem assim, no entanto um primo ,um secondo e/ou insalata fazem parte dos almoços e jantares.
Para nós, brasileiros, que vamos para Itália pela primeira vez , uma certa confusão acontece quando abrimos um cardápio porque ,normalmente, começamos uma refeição com uma salada, massas e arroz são acompanhamentos de carnes .E temos o hábito de colocar tudo junto no prato: arroz,batata,verdura.
Para os italianos,  esse hábito é bem esquisito.Na primeira vez que cozinhei para minha sogra fiz um frango grelhado ,batatas ao forno e salada.Servi tudo no mesmo prato, tudo bem arrumadinho porque era para A SOGRA.Ela olhou para o prato com uma expressão estranha e precisou de uma explicaçãozinha sobre os 'surpreendentes hábitos alimentares brasileiros'... no final ,ela adorou a comida... e hoje já não se espanta com minhas 'esquisitices'.  Minha sogra é um amor...gosto muito dela!

Muito metida que sou , resolvi criar uma receita de risoto meio à moda de Minas ( por causa da gordura da linguiça e da pimenta) meio à moda de Napoli.Risoto é comida bem cremosa,úmida,se tostarmos o arroz por uns 3 minutos antes da adição dos líquidos ,o risoto ficará com uma textura menos gomosa, muito mais gostoso.
A receita pede vinho branco  mas já experimentei com o tinto e o resultado foi bem bom.

Risotto della Po

1 xícara de chá de arroz ( arborio ,carnaroli,vialone nano)
3 colheres de sopa de azeite extra-virgem
1 copo de vinho branco seco
100 gramas de linguiça seca ou salame apimentado fatiado bem fininho( em Napoli usaria o salame Napoli picante,que pode ser encontrado no Mercado Municipal de São Paulo)
1 cebola pequena cortada grosseiramente
1 pitada de pimenta calabresa moida
30 gramas de funghi seco,amolecido por 1 hora em vinho ou água
sal e pimenta do reino
1 colher de sopa de salsinha picada
raspas de  limão ( melhor se puder ser siciliano)
água quente

Fritar o salame ( ou alinguiça ) em uma frigideira funda até soltar toda gordura.
Juntar 2 colheres de azeite, o arroz ,a cebola e a pimenta vermelha e deixar fritar até dourar .Acrescentar o vinho e os funghi , mexer até evaporar todo líquido.
Salgar.
Sempre mexendo, acrescentar água quente aos poucos ( mais ou menos uma concha por vez),deixar evaporar antes de colocar mais.
Quando o arroz estiver cozido 'al dente', desligar o fogo.Colocar a última colher de azeite, misturar e juntar a salsinha e as raspas de limão.
Servir com uma pitada de pimenta-do-reino moída na hora.

O tempo de preparo é de 15 a 20 minutos.
Espero que gostem!!!


Para conhecer outras receitas bem italianas , recomendo o site

http://www.mammapina.it

terça-feira, 10 de maio de 2011

A Musa na Vitrine - Caffé Blu

A idéia é genial!!!
Um programa de radio transmitido,ao vivo, da vitrine de uma famosíssima livraria.
Nas manhãs de sábado, Ida Di Martino apresenta um programa onde pessoas  importantes na cena cultural italiana são entrevistados.A conversa corre solta,como amigos que conversam.
Em um cantinho da vitrine da livraria,o público pode ver a entrevistadora e seus convidados.
É curioso ver a reação das pessoas,que  olham a 'voz' materializada em corpo de mulher jovem,simpática e alegre.
Alguns mitos do teatro ou cinema estão  ao alcançe dos olhos,mas não podem ser tocados porque estão  na vitrine, de modo a confirmar sua condição de 'mito'. A situação de proximidade/distância  é de uma estranheza bem singular.
O programa se chama Caffè Blu ,Radio Kiss Kiss

Ida Di Martino
A voz de Ida é grave e muito agradável.
Quando fomos apresentadas ,tive uma bela surpresa : ela fala português.É bem gostoso encontrar alguém que fala nossa língua.Ainda mais um idioma tão pouco difundido como o nosso.
É uma pessoa muito,muito simpática!!!!


Ida e Karima(cantora)

Ida e Corinne Clery

Fotografias gentilmente cedidas por Paolo Vitale
Possuem direitos de autor.

A pizza ( em napolitano é igual ao português)

Pizza é assunto sagrado e onipresente como o Vesúvio, aqui em Napoli.É uma das receitas mais simples do mundo : fermento,farinha ,sal,água e óleo.Por cima , um pouco de molho de tomate , mozzarella e umas folhinhas de manjericão.Tem pizzeria para todos os gostos e bolsos .
Pizza napolitana é fininha com a borda alta para proteger o molho .É feita em forno a lenha.
Tem poucas variações de cobertura.Vem em porções individuais de mais ou menos 30 cm de diâmetro.
A primeria vez que entrei em uma pizzeria ,aqui, levei o maior susto.Chegou aquele disco enorme...só pra mim...pensei que não daria conta.... rsrsrsr.Como é  fininha , a gente come  inteira e não precisa de susto não!!
A rainha é a margherita: tomate, mozzarella e manjericão.Trocadilho inconsciente porque foi criada para homenagear uma rainha,Margherita de Savóia, e as cores da bandeira italiana.
Os outros sabores tradicionais são marinara ( molho de tomate e orégano ), capricciosa ( molho de tomate,mozzarella,azeitonas verdes e pretas, cogumelos e alcachofra), quattro stagioni (tomate,mozzarella,presunto cozido,anchovas,cogumelos,alcaparras e alcachofra .os ingredientes são divididos em quatro partes como se fossem 4 pizzas em uma ),quattro formaggi .
Existem variações dessas receitas onde se acrescenta beringela grelhada ,presunto crú etc.
Uma variação da margherita ,que é deliciosa, é pomodori affettati onde o molho é substituido por filetes de tomate misturados à mozzarella.
A pizza frita é um capítulo a parte, a massa( a mesma da pizza de forno) é recheada com ricota,mozzarella ,molho de tomate e presunto cozido e deve chegar a mesa enorme, toda inchada de ar,e vai murchando devargarzinho enquanto é fatiada.
Pizzaria napolitana de verdade é antiga,decorada com muita simplicidade e muito kitsch,com um monte de coisas entulhadas e imagens de santos e do vulcão.Deve dar a sensação que estamos em uma época antiga, onde o tempo parou.
É comida popular , custa pouco e vale muito.Alimenta o corpo porque é nutritiva e equilibrada.Alimenta a alma porque é gostosa.
Se você gosta de gastar,encontrará uma pizzaria bem cara .Essas existem também.

A pizza e Carminiello si è grossa o e piccerella te fa penzà  ca a Napule è cchiù bella. Pirciò si ninno saie mo to diche io: "è arte". Comme è un gran pittore, comme è nu cantatore ca fa lartista quanne ò sape fà , pronta è sta pizza pe se fa gustà ... e fatte servì a me songhe tantanne ca giro ò munno e ancora aggia truvà  nu pizzaiuolo meglie e chistu ccà . Che cumandate, che vulite, e pronta profumo fino, sape e qualità : e quando al fine poi chiedete il conto site cuntente pure dò pavà . Na pummarola e terra paisana, magne staser e pò tuorn rimane. Comme se fa a dì no a sta bontà , a pizza e Carminiello è "Rarità ".

Não sei falar nem entender o dialeto napolitano mas ,depois de comer a pizza do DA CARMINIELLO, é bem fácil de entender o que está escrito nesse texto:pizza é uma arte que faz pensar que Napoli é mais bela.O texto acima é a publicidade da pizzaria.
Acho que é a pizza  melhor entre as melhores.O pizzaiolo é sósia do Al Pacino.
Da Carminiello -
Corso Secondigliano, 350, 80144 Napoli
Outras pizzarias boas são :
Da Giulliano 
Calata Trinità Maggiore 31 - Napoli 







segunda-feira, 9 de maio de 2011

Vesúvio ...da janela da cozinha

O vulcão é onipresente em Nápoles.
Pode ser visto de quase todas as partes da cidade.
É meio estranho saber que está aqui, adormecido,e que pode acordar a qualquer momento, difícil acreditar que uma cidade enorme cresceu  perto de um perigo tão grande.
Os napolitanos tem uma relação afetuosa com seu vulcão.Ele está ali,embelezando a paisagem.É cultuado pelos artistas .
Se tem neve no seu cume é melhor tirar o casaco mais pesado do armário,porque o frio será de lascar.Se não o vemos é porque o dia não terá sol.Tem alguns dias que, conforme o sol vai mudando,mudam também suas cores ...do púrpura ao alaranjado até o negro mais profundo.
Apesar do perigo que representa,dá a sensação que está a velar por nós.
Hoje teve uma grande mudança meteorológica,depois de alguns dias de sol glorioso começou um vento assustador e o céu sobre o Vesúvio estava assim:
Hoje às 10 da manhã

sábado, 7 de maio de 2011

Pomo de Ouro ou Fruto do Amor - TOMATE

Tédio é uma sensação que não teremos se, durante uma viagem a Itália, fizermos uma dieta baseada só em TOMATES.
A variedade de receitas em  molhos, do mais simples 'al sugo' até o demoradíssimo 'ragú',passando pelas saladas, bruschettas, pizzas, nos  leva a um mundo de nuances de sabores quase infinito.
Como são quase infinitas as variedades de tomate italianos.Esse fruto ,originário dos Andes,chegou na Europa por volta de 1500.Acreditava-se que era venenoso ,levou um tempinho para que fosse incorporado à culinária européia,com exceção da Itália que logo começou a consumí-lo de várias formas.
Atribuiram-lhe propriedades afrodisíacas e fazia parte de filtros de amor e poções dos alquimistas, daí ser chamado de fruto do amor Pomme d'amour, pomme d'or, love apple.Em dialeto siciliano ' pummi d'amuri'.
Hoje as línguas modernas usam variações do nome original asteca 'tòmatl'.Bem , nem todas!!
Confirmando a sua natureza romântica,singular e tradicionalista ,os italianos ainda usam o termo POMODORO.
Existem pelo menos 9 tipos de tomates italianos,que se dividem em outras tantas sub-categorias, cada região tem seus tomates e alguns são protegidos pela qualificação DOC( denominação de origem controlada).São doces,delicados e suculentos!!!Um prazer gastronômico inesquecível!!!!

Sou fã de carteirinha dos POMODORI!!!!Principalmente os que são cultivados aos pés do Vesúvio, onde é terra é generosa .
Os tomates enlatados que encontramos no Brasil são vesuvianos,da região de Salerno ou Napoli.Os italianos usam no dia-a-dia, o molho não fica a dever aos feitos com tomates fresco.
coração de boi,da região de Abbruzzo

Piccadilly da região do Vesúvio
Paolo Vitale fotos
para saber  mais http://www.ilpomodoroitaliano.it/varieta_pomodoro.html#

Alho

Não sei se é azar ou se é regra mas todo restaurante típico italiano de São Paulo que conheço tem receitas muito carregadas de alho.
Cresci com a idéia que comida italiana é alho ..depois se pensa nos outros ingredientes.
Quando soube que viajaria para Itália com frequência pensei logo que teria problemas,alho em excesso me faz mal.
Uma boa surpresa, que encontrei aqui, foi saber que isso não é bem verdade.
Meu ponto de apoio italiano é Napoli,uma cidade linda cujos habitantes tem a comida como um dos pilares da vida ...falo dos napolitanos ,mas comida é como uma religião em toda Itália.
Comer e falar de comida são coisas que italianos adoram, assim sendo minha cultura gastronômica é enriquecida a cada refeição.
Para minha gratíssima surpresa, descobri que o alho é importante mas com muita, muita moderação.Tese confirmada por amigos de outras regiões.
Bom lembrar que a culinária  italiana é bastante regionalizada mas o uso do alho é semelhante em todas as regiões.É notável a busca do equilíbrio dos sabores em cada prato.
Como é usado?
No preparo de refogados e molhos pega-se um dente de alho que será frito ligeiramente no óleo de oliva . O sabor passa para o óleo e dali para o resto da comida.Quando o prato está pronto o alho é descartado.
Quando crú, é usado  sempre com muita parcimônia.
Graças a Deus!!!!
Ainda não vi por aqui as  torradas de alho, onipresentes nas cantinas paulistanas.

fotografia de Paolo Vitale

GOSTO DE COMIDA DE AVIÃO

Não é perversão gustativa ,não!
Comida de avião tem gosto de expectativa,acho que pouca gente viaja à toa.Entrar em um avião significa: encontrar alguém que está longe, lua-de-mel,trabalho chato ou prazeroso,férias ansiosamente esperadas e mesmo ...despedidas, rompimentos,abandono.
Podemos ter idéia da duração do vôo pelos horários do serviço de bordo.Nas viagens para a Itália o café da manhã é servido uma hora e meia antes da chegada, boa sensação...estou chegando!
Na minha primeira viagem,em uma época que voar era bem mais díficil que hoje, tive a sensação que a partir daquele momento eu faria parte de um grupo de escolhidos - os que viajam de avião.
Aquela bandejinha apertada com talheres (ainda de inox) com pacotinhos de geléia e manteiga,xícaras de plástico estranho e comida com gosto mais estranho ainda.E estava feito,eu fazia parte de outro mundo.
A comida de avião varia bastante de uma companhia para outra mas é sempre igual.Sabe Deus como é feita!Assim como café de avião é uma bebida única, mas acho que a justiça deve ser feita: quem consegue alterar de tal maneira o gosto dos alimentos, como os serviços de catering, merece aplausos, não é coisa fácil ....mas nada no mundo tira o gosto de expectativa que aqueles pacotinhos trazem!!!!!!!!!!!!!!!